domingo, 14 de setembro de 2014

Brincando de Saudade

Uma vez por ano (às vezes duas) eu recebo uma visita “inesperada”. Ela saí lá de uma cidadezinha do interior de SP e vem me visitar! Ela já disse que eu sou feio, já disse que sou bonito, que eu fico “nojento” de barba e cabelo longo, já disse que sentiu saudades... 
E poxa, como a saudade “brinca” com a gente, em uma manhã de domingo onde nada (ou tudo) pode acontecer, ela apareceu em minha casa! Cada vez mais crescida e cada vez mais linda! Conversou comigo, deu sorrisos, abraços, me viu pela primeira vez tocar contra baixo e na despedida hoje, me deu um outro abraço tão gostoso que depois que ela foi embora eu chorei, mas chorei de felicidade e da saudade que ela já deixou aqui, pois de alguma forma da qual eu acho que jamais conseguirei explicar, uma vez por ano (às vezes duas) essa garota, minha linda prima de apenas 12 anos, saí lá de uma cidadezinha do interior de SP e sem pretensão alguma, vem iluminar meu dia!
Camily, se você estiver vendo isso, desculpe, ñ deu pra não postar rs.


domingo, 7 de setembro de 2014

PSICOSSOMÁTI.CO - CONVERSA DE UM SÁBADO A TARDE ENTRE DOIS DOUGLAS, QUASE IGUAIS!

E se você tivesse uma chance, talvez a única chance de sua vida, de conversar com sua própria pessoa? Quero dizer, ir além de se olhar em um espelho ou um sonho silencioso que acaba ao despertar pela manhã, mas olhar para você mesmo, dentro de seus próprios olhos, seu próprio corpo ali, na sua frente em carne e osso. O que diria? Você a aproveitaria essa chance? E mais que isso, você seria capaz de merecê-la? 

DOUG UM: Boa tarde! 
DOUG DOIS: Boa tarde! 
DOUG UM: Parei de fazer o que estava fazendo pra vir aqui para saber como tem passado? 
DOUG DOIS: Passo vivendo, como de costume! 
DOUG UM: Entendo... 
DOUG DOIS: Sinto certa urgência na interrogação! 
DOUG UM: Pois sim, as pessoas perguntam como você está. 
DOUG DOIS: Não entendo.
DOUG UM: Entende, e ainda carrega alguma culpa! 
DOUG DOIS: Definitivamente!
DOUG UM: Diga-me há quantas anda, sobre os passos da vida? 
DOUG DOIS: Desde que me despedi de... Não existiu mais nenhum passo da vida! 
DOUG UM: Entendo! E compreendo também que a cada amor perdido morre-se um pouco. 
DOUG DOIS: Foi um emaranhado, sinto que não corre mais sangue pelo meu corpo. 
DOUG UM: Olha, quase poesia! Sorte a tua de ainda não ter te tornado apático, a doença do século talvez seja essa, morrer sem se confessar. 
DOUG DOIS: Confessei-me de joelhos a ela. 
DOUG UM: Eu sei, eu estava lá!
...
DOUG DOIS: Aceita um café? Talvez um Cigarro!
DOUG UM: Seria um prazer!
DOUG DOIS: Tem planos de ficar? 
DOUG UM: Quem?
DOUG DOIS: Você, de ficar...
DOUG UM: Ficar aqui? Ficar aqui e ficar sendo quem você é? 
DOUG DOIS: Nem sei quem sou...
DOUG UM: Sabe sim, e está a esconder isso de você mesmo, afinal essa é uma auto conversa, se é que é possível tamanha besteira!
DOUG DOIS: Espera uma retratação? 
DOUG UM: Todos esperamos. 
DOUG DOIS: Sobre qual assunto? 
DOUG UM: Sobre seu comportamento nas últimas semanas, tamanha mediocridade, pequenice, ainda mais de uma pessoa como você, quem pensa que é? No mínimo uma criança desajeitada e raivosa! Coisa inútil mas, poderia ter sido pior! 
DOUG DOIS: Fala das brigas? Eu sei, e já pedi desculpas a mim e a Deus por ter feito. 
DOUG UM: E por que não pediu desculpas aos envolvidos? 
DOUG DOIS: Pediria desculpas a única pessoa à quem isso diz respeito, mas pelo pouco de percepção psicológica da raça humana que ainda tenho, sei que não quer minhas sinceras desculpas que seriam feitas de coração pesado e arrependido, por isso não as fiz. 
DOUG UM: E eu fico contra você.
DOUG DOIS: Que fique! Você e as pessoas também! E que passem pelo outro lado da rua caso nos cruzemos novamente. 
DOUG UM: Vejo que continua prepotente, garoto. 
DOUG DOIS: Talvez, mas não tenho culpa da sua ignorância e julgamento, apesar da não religiosidade ainda acho mais prudente seguir acreditando que Deus existe e fazer preces à alma e a mente em que me aprisiono, os que me conhecem só posso continuar mantendo longe, e os que sequer me conhecem não faço questão de conhecer! 
DOUG UM: Compreendo e reconheço seus pensamentos mesmo que ninguém mais o faça, afinal eu sou você e você sou eu. E só pra constar, não sou ignorante, como você!
DOUG DOIS: Fico grato por tamanha delicadeza.
DOUG UM: Que não te falte juízo daqui pra frente. 
DOUG DOIS: Não faltará.
DOUG UM: Mas ande, fale mais sobre a moça que conheceu recentemente.
DOUG DOIS: Linda, poucas vezes na vida me surpreendi tanto de ter conhecido alguém que dispusesse de um sorriso igual ao dela.
DOUG UM: Mas você sorri quando fala, quando a beijou, também se dispôs do mesmo dom?
DOUG DOIS: Você não a viu como eu a vi!
DOUG UM: Claro que a vi! E a vi por todos os ângulos, inclusive os ângulos de projeção mentais que tem feito sobre ela nos últimos dias!
DOUG DOIS: Significa que entrou na nossa conversa uma confissão?
DOUG UM: Significa que... logo não disputará mais espaço dentre as névoas que costumas chamar de pensamentos!
DOUG DOIS: Meus pensamentos com a moça em questão são de caráter sentimental, não sei se será assim como diz. 
DOUG UM: Então contarei a ela, para que não se prejudique posteriormente!
DOUG DOIS: Ela sabe; e ainda diverte-se mais do que eu, pois sabe que cada dia que passa me dobra completamente!
DOUG UM: Pois bem, fico sinceramente sem saber o que dizer.
DOUG DOIS: Eu sei e lisonjeia-me a tua afeição por mim.
DOUG UM: Espero que logo pegue um avião, ou um ônibus, carro ou pode ser a pé mesmo, faça as malas e respire novos ares, é o que chamo de cura, se persiste em acreditar em uma existência divina, sugiro então que faça novas preces à Ele, proteja a alma e mente, sabe como é… 
DOUG DOIS: Sei e prometo retribuir a atenção, colocarei flores no teu quarto perto da janela, assim como a moça me ensinou!
DOUG UM: Combinado! Então boa tarde! 
DOUG DOIS: Boa tarde.
DOUG UM: Só parei o que estava fazendo pra vir aqui para saber como tem passado MESMO.
DOUG DOIS: Passo vivendo, como de costume.
DOUG UM: Então, até breve e obrigado pelo café... E pelo marlboro! 
DOUG DOIS: Não foi nada. Até!


quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Brainbox (7): Convívio

Por que dá errado? Não sei se são as pessoas, ou se é algo óbvio no convívio, mas costuma dar errado. Tem amor, tem paixão, tem sexo, tem afeto, tem vontade, tem sonho, mas se perde. Seria o tempo? Ou o conhecer mais de perto?

As vezes você ama alguém que foi projetado. Esculpido em cada momento, forjado em cada característica. Você ama a ideia porque não conhece o que é. E durante o relacionamento o que há de mais atrativo é exposto, o lado compreensivo se exibe de uma forma brilhante. Os piores defeitos são sorrateiramente escondidos e no decorrer das brigas e também da sensação de insegurança, pequenas parcelas desses são exibidos. Exatamente por serem pequenas e não terem muita oportunidade para aparecer, são suportáveis. “Dá para engolir”. É fácil esconder o que há de mais podre em você se há tempo para isso. Ou “dar” a outras pessoas essa pior parte.

Com o decorrer do relacionamento, isso gradualmente acaba. É difícil atuar o tempo todo. Vai acabando aquele outro alguém para ficar com a pior parte. Não há onde esconder o que precisa ser escondido. Então começa a ficar lá, exposto. E é podre, fede, incomoda. A coisa toda vai se esvaindo. Perde-se muito tempo maquiando o que precisa ser mostrado desde o começo. E no final das contas, além de tempo, o relacionamento é perdido também: ninguém costuma a amar um desconhecido.

Defeitos podem ser trabalhados por piores que sejam, amar não é aceitar sempre a pior parte do outro e fazer malabarismos psicológicos para lidar com isso. Por mais estranho que pareça diminuir a proteção faz o soco ser mais leve. O conviver é um grande soco. Se você vai protegido demais, você dança. Se for totalmente despido, dança também!

Tem que haver um pouco de sigilo: é extremamente sem graça abrir uma caixa se você já sabe o que tem dentro. Também é sem graça ter uma caixa que você nunca vai saber o que há dentro. O incrível de acordar todos os dias ao lado de outra pessoa é saber que você conhecerá algo dela que adormeceu não sabendo. Conviver é uma luta. Não é fácil, ninguém disse que seria. Mas a luta só é válida quando ambos tem a ganhar. Do contrário, é melhor nem tentar.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

As Faces da Esperança

Nas águas de um rio que o tempo já levou,
Eu sei que não posso mais me banhar.
Mas nas que ainda vem eu também vou,
E não há ninguém que me possa segurar.

Só se pode recuperar o tempo perdido
Não se perdendo um só minuto mais.
Andando somente num único sentido:
O futuro! E o resto que fique para trás.

O tempo é como uma régua de ilusões,
Que a gente cria para ter uma medida
Que nos ajude a contar as estações,
Ao longo desta estrada que chamamos de vida.

Memórias podem ser registros de experiências
Que serão usadas para aprendizado.
Para alguns é o purgatório das consciências
Só para pagar o seu pecado.

Eu durmo como se todo o meu destino
Fosse uma obra que acabei de fazer,
E acordo como se fosse um menino,
Em uma vida que acabou de nascer.

Meu sono é como a necessária morte,
Que só existe para eu ser reencarnado.
Meu karma é bússola que só tem norte,
E minha vida é um calendário sem passado.

Deixo o passado para a arqueologia,
E reservo para o futuro a minha mente.
Vivo como se a vida durasse um só dia,
Mas espero que ela dure eternamente!


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Brainbox (5) - Aurora

Ao contrario de outros textos, gostaria de transcrever um fato que aconteceu hoje comigo em palavras simples e de fácil entendimento, pois foi exatamente assim que a cena aconteceu!
Era 17h30min havia acabado de sair do meu trabalho (meu segundo dia de trabalho) quando minha moto pediu reserva, como já estava perto de um posto de combustível decidi parar para abastecer. O posto estava lotado, parei na conveniência para comprar algo pra beber; compro um refrigerante diet (ajuda no diabetes), saio e me sento em uma cadeira ao lado de uma moça, que estava falando ao celular e aparentava ter na faixa de uns 40 anos.
Estava bebendo minha latinha, prestando atenção nas bombas de combustível e nos carros que passavam na rua... Quando olho pra moça, (que havia desligado o celular) estava chorando, os olhos se encontraram, dei uma golada na latinha, e com certo impulso disse:

- Não se entristeça!
- É difícil, moço! É difícil!
- Há alguns dias, me disseram que temos que ser otimistas!
- Mesmo quando tudo o que se consegue fazer é chorar?
Não sabia muito o que dizer aquela mulher, nem a conhecia! Meu refrigerante havia acabado mas, pensei em algo e antes de ir embora, falei:
- Olha, sei que não nos conhecemos e eu nem sei seu nome...
- Camila – ela me cortou – com “K” e dois “L”
- Ok, Camila, com “K” e dois “L” – ela esboçou um sorriso – primeiramente então, meu nome é Douglas, mas meus amigos me chamam de Dougui, mas com “G” mudo! Eu não sei o que acontece com você, não tenho nenhuma opinião profissional (não que você tenha me pedido), e isso que eu vou te falar talvez não vá te confortar mas, eu também estou passando por um período difícil de minha vida – citei alguns exemplos - Muitas mudanças, muitas coisas novas estão acontecendo, percebe? Ainda não aceitei algumas coisas... Eu mal consigo assinar meu nome! Essa semana eu comecei um emprego novo onde meu encarregado começou um treinamento comigo e hoje ele me deu uma avaliação pra fazer e logo de cara, na primeira questão eu acho que nem o mais sábios dos sábios saberia dar a resposta por mim, mas mesmo assim eu tive que responder e respondi o que ele queria ler! Eu acho, pelo menos. E sabe por quê eu fiz isso? Porquê se eu não fizer, ele não vai me ver como um cara que merece estar ali, vai me ver como alguém danificado! E isso já basta meus amigos! Tente não ficar pensando, logo vem a aurora!
- Eu só queria parar de pensar e sentir, pra parar de chorar um pouco! – ela disse.
- Normal – eu respondo já colocando meu capacete para abastecer e ir embora – Somos seres pensantes, e por sermos assim é que pensamos, sentimos e choramos... Mas também podemos sorrir! 
- Profundo isso!
Dei risada e terminei com um “fique bem, Camila com “K” e dois “L”!
- Você também, Doug!
Parei a moto para abastecer, pedi pra colocar R$20,00 de combustível, enquanto o frentista enchia o tanque, novamente ela se aproxima e pergunta:
- Posso te fazer uma ultima pergunta?
- Claro!
- Qual era a pergunta tão difícil de responder que você me disse?
Dei um breve sorriso e respondi:
- A pergunta era “Quem é você?”
- E o que você respondeu?
- O que ele precisava ler!
- Entendi – E saiu
Paguei o combustível e fui para casa.
Não sei o porquê isso aconteceu comigo, não tenho nenhuma conclusão!
Eu nem sei como terminar essa postagem...

sábado, 2 de agosto de 2014

A Musica que Não Tinha Nome

A musica estava lá, presente num pedaço inteiro de corpo, num ritmo que matava a cada pausa, um coração que sofria por uma alma!
Aquela musica não queria ser pedaço de um corpo inteiro, queria ser alma de mim, da musica e de todas as notas desperdiçadas no chão. 
Sons ensurdecedores, palavras, frases sem nexo algum, astros luminosos, um desejo que lembrava como é ter asas, que matava, um vicio! 
Que me salvava, amarrando-me amortalhado numa pureza exata. 
Sou da cabeça aos pés o que a dor dessa musica e essa luz retratam, luxuria, pecado, um Deus!
O absoluto renegado.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Brainbox (4) - Madrugada

Escureceu, hora de acordar. Passa a hora, passo eu.
Tic-Tac.
A fumaça do cigarro serpenteia, ondula e desaparece.
Divago, me desfaço, enlouqueço, me despedaço.
Ensaio o sono, ensaio o sonho.
O silêncio me engole e eu o engulo – Que indigestão.
O cérebro não para, o cérebro pula,
dança no escuro insano
e usa meu sossego como engano.
Esse meu céu não tem estrela, tem tinta, tem cimento.
Minha grama é feita de pano e pensamento.
Permaneço na minha festa sem sol.
Tic-Tac.
Sai o breu, entra o azul escuro louco.
Divago, me desfaço, enlouqueço,me despedaço.
Os pés do meu cérebro começam a se cansar,
quanta dança, que festança!
Tic-Tac.
Ensaio o sono, ensaio o sonho.
Sai o azul escuro louco, entra o amarelo-avermelhado tímido.
Roupa amarrotada, a festa está no fim,
copos de consciência quebrados,
garrafas de expectativas vazias,
bitucas de sonhos apagadas.
Ora, sinfonia de passarinhos: amanheceu.
Quantos rabiscos sem sentido!
O mundo abre seus olhos,
meu cérebro chegou em casa,
exausto, podre, medíocre, cansou de festa.
O sol acordou, com licença:
Agora é minha vez de anoitecer.

Brainbox (2.1) - Garoa

Texto criado em 24/06/2014

Olhando pela fresta do meu portão por alguns minutos e observando a garoa fina que brincava de chover no contraste da luz do poste.
Toda disforme, sem direção, riscos de água alfinetando o céu para todos os lados feito desesperados. Que chuva triste, o cansaço chegou ao céu, não posso acreditar… Até você? Molhando a rua tão gentilmente, tímida, talvez realmente queira me dizer que está triste. Eu não entendo, só consigo sentir. O que você quer de mim? O que eu quero de mim? Estou cansado, não quero chover mais forte. Acho que vou garoar com você, posso? Vou estender as minhas mãos para fora do portão, me dê as suas também. Você parece fraca, nem molha direito… Do que tem medo? Tão suave que mal posso te sentir. O que houve com você? O que houve conosco? Toda disforme e sem direção, alfinetando o seu céu para todos os lados… Quão estranho isso soa?

terça-feira, 29 de julho de 2014

Brainbox (3) - A Voz

Se está tudo quieto, certamente há algo errado. Não falta devaneios, muito pelo contrário. E o que me intriga é exatamente isso: silêncio onde há barulho demais. Talvez eu tenha perdido a audição, não sei. Há muito a ser dito, mas às vezes falta voz, ou algo a impede de sair. A rouquidão me preocupa, isso não está certo. Perco o sono procurando o que perdi, se adormeço é como se não o tivesse feito. Percebe como o silêncio está errado? Há muito a ser dito, escrito. Ocupo-me comigo e esqueço-me de mim. Vago mecanicamente pelos dias, mas sou instável o suficiente para arrepender-me e retomar a voz. Volto a tempo, permito-me ser, tatear o errado, expressar o incerto, porque é assim que tem que ser e cá estou. Não deve e nem pode haver silêncio: sempre há o que ser dito. Se um dia eu me abstiver da escrita, haverá duas hipóteses: ou aprendi a lidar com o que está aqui dentro e o silêncio passou a bastar-me, ou tornei-me estúpido o suficiente para acomodar-me nele. Provavelmente a segunda.

sábado, 26 de julho de 2014

Brainbox

Uma das partes mais difíceis do término de um relacionamento é quando esse término já começou a acontecer ao longo dele.
É a incerteza se é de fato um fim, ou se é apenas uma pausa para um ressurgir ainda melhor. É incerteza se esse fim simboliza uma dúvida, um teste – Como vai ser? O que eu vou sentir? – ou se é um veredicto – acabou, definitivamente. É a incerteza se o outro vai seguir em frente sem você, se o outro vai se dar conta que pode amar outro alguém e ser feliz dessa maneira, ou se o outro ainda tem planos com você, que apesar de tudo em algum lugar está disposto a te ter de volta. É difícil porque você simplesmente não sabe a maneira de seguir em frente. Ou melhor, sabe, sempre sabe, mas no fundo tem medo: e se eu esquecer e o outro me quiser de volta? E se eu permanecer lembrando e depois me dar conta que fiquei para trás?
É difícil perceber que é quase impossível não lembrar o outro, que essa pessoa impregnou tudo à sua volta, desde as suas saídas pra “tomar uma” com seus amigos até naquele acorde mais bonito que você pode fazer em seu instrumento, ou filme, ou seriado, que seja. Você até tenta esquecer, mas o outro se tornou tão parte de você que para fazer isso você realmente precisaria arrancar um pedaço de si para seguir em frente. É como entrar em uma guerra... Sem um braço, sem uma perna – um coração. Como lutar? Você sabe que conseguiria, que pode superar, mas esbarra nas incertezas e paralisa novamente nesse círculo vicioso. E esse círculo vicioso dói. E o pior é pensar que, enquanto você está nele, o outro já decidiu que realmente quer viver sem você, que para o outro você agora é um passado - e só. E dói.