quinta-feira, 14 de agosto de 2014

As Faces da Esperança

Nas águas de um rio que o tempo já levou,
Eu sei que não posso mais me banhar.
Mas nas que ainda vem eu também vou,
E não há ninguém que me possa segurar.

Só se pode recuperar o tempo perdido
Não se perdendo um só minuto mais.
Andando somente num único sentido:
O futuro! E o resto que fique para trás.

O tempo é como uma régua de ilusões,
Que a gente cria para ter uma medida
Que nos ajude a contar as estações,
Ao longo desta estrada que chamamos de vida.

Memórias podem ser registros de experiências
Que serão usadas para aprendizado.
Para alguns é o purgatório das consciências
Só para pagar o seu pecado.

Eu durmo como se todo o meu destino
Fosse uma obra que acabei de fazer,
E acordo como se fosse um menino,
Em uma vida que acabou de nascer.

Meu sono é como a necessária morte,
Que só existe para eu ser reencarnado.
Meu karma é bússola que só tem norte,
E minha vida é um calendário sem passado.

Deixo o passado para a arqueologia,
E reservo para o futuro a minha mente.
Vivo como se a vida durasse um só dia,
Mas espero que ela dure eternamente!


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Brainbox (5) - Aurora

Ao contrario de outros textos, gostaria de transcrever um fato que aconteceu hoje comigo em palavras simples e de fácil entendimento, pois foi exatamente assim que a cena aconteceu!
Era 17h30min havia acabado de sair do meu trabalho (meu segundo dia de trabalho) quando minha moto pediu reserva, como já estava perto de um posto de combustível decidi parar para abastecer. O posto estava lotado, parei na conveniência para comprar algo pra beber; compro um refrigerante diet (ajuda no diabetes), saio e me sento em uma cadeira ao lado de uma moça, que estava falando ao celular e aparentava ter na faixa de uns 40 anos.
Estava bebendo minha latinha, prestando atenção nas bombas de combustível e nos carros que passavam na rua... Quando olho pra moça, (que havia desligado o celular) estava chorando, os olhos se encontraram, dei uma golada na latinha, e com certo impulso disse:

- Não se entristeça!
- É difícil, moço! É difícil!
- Há alguns dias, me disseram que temos que ser otimistas!
- Mesmo quando tudo o que se consegue fazer é chorar?
Não sabia muito o que dizer aquela mulher, nem a conhecia! Meu refrigerante havia acabado mas, pensei em algo e antes de ir embora, falei:
- Olha, sei que não nos conhecemos e eu nem sei seu nome...
- Camila – ela me cortou – com “K” e dois “L”
- Ok, Camila, com “K” e dois “L” – ela esboçou um sorriso – primeiramente então, meu nome é Douglas, mas meus amigos me chamam de Dougui, mas com “G” mudo! Eu não sei o que acontece com você, não tenho nenhuma opinião profissional (não que você tenha me pedido), e isso que eu vou te falar talvez não vá te confortar mas, eu também estou passando por um período difícil de minha vida – citei alguns exemplos - Muitas mudanças, muitas coisas novas estão acontecendo, percebe? Ainda não aceitei algumas coisas... Eu mal consigo assinar meu nome! Essa semana eu comecei um emprego novo onde meu encarregado começou um treinamento comigo e hoje ele me deu uma avaliação pra fazer e logo de cara, na primeira questão eu acho que nem o mais sábios dos sábios saberia dar a resposta por mim, mas mesmo assim eu tive que responder e respondi o que ele queria ler! Eu acho, pelo menos. E sabe por quê eu fiz isso? Porquê se eu não fizer, ele não vai me ver como um cara que merece estar ali, vai me ver como alguém danificado! E isso já basta meus amigos! Tente não ficar pensando, logo vem a aurora!
- Eu só queria parar de pensar e sentir, pra parar de chorar um pouco! – ela disse.
- Normal – eu respondo já colocando meu capacete para abastecer e ir embora – Somos seres pensantes, e por sermos assim é que pensamos, sentimos e choramos... Mas também podemos sorrir! 
- Profundo isso!
Dei risada e terminei com um “fique bem, Camila com “K” e dois “L”!
- Você também, Doug!
Parei a moto para abastecer, pedi pra colocar R$20,00 de combustível, enquanto o frentista enchia o tanque, novamente ela se aproxima e pergunta:
- Posso te fazer uma ultima pergunta?
- Claro!
- Qual era a pergunta tão difícil de responder que você me disse?
Dei um breve sorriso e respondi:
- A pergunta era “Quem é você?”
- E o que você respondeu?
- O que ele precisava ler!
- Entendi – E saiu
Paguei o combustível e fui para casa.
Não sei o porquê isso aconteceu comigo, não tenho nenhuma conclusão!
Eu nem sei como terminar essa postagem...

sábado, 2 de agosto de 2014

A Musica que Não Tinha Nome

A musica estava lá, presente num pedaço inteiro de corpo, num ritmo que matava a cada pausa, um coração que sofria por uma alma!
Aquela musica não queria ser pedaço de um corpo inteiro, queria ser alma de mim, da musica e de todas as notas desperdiçadas no chão. 
Sons ensurdecedores, palavras, frases sem nexo algum, astros luminosos, um desejo que lembrava como é ter asas, que matava, um vicio! 
Que me salvava, amarrando-me amortalhado numa pureza exata. 
Sou da cabeça aos pés o que a dor dessa musica e essa luz retratam, luxuria, pecado, um Deus!
O absoluto renegado.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Brainbox (4) - Madrugada

Escureceu, hora de acordar. Passa a hora, passo eu.
Tic-Tac.
A fumaça do cigarro serpenteia, ondula e desaparece.
Divago, me desfaço, enlouqueço, me despedaço.
Ensaio o sono, ensaio o sonho.
O silêncio me engole e eu o engulo – Que indigestão.
O cérebro não para, o cérebro pula,
dança no escuro insano
e usa meu sossego como engano.
Esse meu céu não tem estrela, tem tinta, tem cimento.
Minha grama é feita de pano e pensamento.
Permaneço na minha festa sem sol.
Tic-Tac.
Sai o breu, entra o azul escuro louco.
Divago, me desfaço, enlouqueço,me despedaço.
Os pés do meu cérebro começam a se cansar,
quanta dança, que festança!
Tic-Tac.
Ensaio o sono, ensaio o sonho.
Sai o azul escuro louco, entra o amarelo-avermelhado tímido.
Roupa amarrotada, a festa está no fim,
copos de consciência quebrados,
garrafas de expectativas vazias,
bitucas de sonhos apagadas.
Ora, sinfonia de passarinhos: amanheceu.
Quantos rabiscos sem sentido!
O mundo abre seus olhos,
meu cérebro chegou em casa,
exausto, podre, medíocre, cansou de festa.
O sol acordou, com licença:
Agora é minha vez de anoitecer.

Brainbox (2.1) - Garoa

Texto criado em 24/06/2014

Olhando pela fresta do meu portão por alguns minutos e observando a garoa fina que brincava de chover no contraste da luz do poste.
Toda disforme, sem direção, riscos de água alfinetando o céu para todos os lados feito desesperados. Que chuva triste, o cansaço chegou ao céu, não posso acreditar… Até você? Molhando a rua tão gentilmente, tímida, talvez realmente queira me dizer que está triste. Eu não entendo, só consigo sentir. O que você quer de mim? O que eu quero de mim? Estou cansado, não quero chover mais forte. Acho que vou garoar com você, posso? Vou estender as minhas mãos para fora do portão, me dê as suas também. Você parece fraca, nem molha direito… Do que tem medo? Tão suave que mal posso te sentir. O que houve com você? O que houve conosco? Toda disforme e sem direção, alfinetando o seu céu para todos os lados… Quão estranho isso soa?