sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Brainbox (4) - Madrugada

Escureceu, hora de acordar. Passa a hora, passo eu.
Tic-Tac.
A fumaça do cigarro serpenteia, ondula e desaparece.
Divago, me desfaço, enlouqueço, me despedaço.
Ensaio o sono, ensaio o sonho.
O silêncio me engole e eu o engulo – Que indigestão.
O cérebro não para, o cérebro pula,
dança no escuro insano
e usa meu sossego como engano.
Esse meu céu não tem estrela, tem tinta, tem cimento.
Minha grama é feita de pano e pensamento.
Permaneço na minha festa sem sol.
Tic-Tac.
Sai o breu, entra o azul escuro louco.
Divago, me desfaço, enlouqueço,me despedaço.
Os pés do meu cérebro começam a se cansar,
quanta dança, que festança!
Tic-Tac.
Ensaio o sono, ensaio o sonho.
Sai o azul escuro louco, entra o amarelo-avermelhado tímido.
Roupa amarrotada, a festa está no fim,
copos de consciência quebrados,
garrafas de expectativas vazias,
bitucas de sonhos apagadas.
Ora, sinfonia de passarinhos: amanheceu.
Quantos rabiscos sem sentido!
O mundo abre seus olhos,
meu cérebro chegou em casa,
exausto, podre, medíocre, cansou de festa.
O sol acordou, com licença:
Agora é minha vez de anoitecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário